Bolsa sobe, com sinalizações de apoio da China; dólar tem volatilidadeFelipe Moreno
A Bolsa apresenta forte alta enquanto o dólar opera com volatilidade ante o real nesta sexta-feira (29). Novas sinalizações de apoio à economia vindas da China davam impulso aos papéis ligados a commodities e ajudavam o mercado doméstico.
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No pregão, os investidores repercutem dados de inflação nos Estados Unidos e a divulgação de balanços do primeiro trimestre.
Por volta de 13h15, o Ibovespa subia 0,88%, aos 110.889 pontos. Além dos ativos ligados a commodities, o principal índice da B3 recebia apoio do desempenho positivo dos bancos e do setor de shoppings.
“O que temos de mais favoráveis é a alta do minério de ferro na China, com o governo prometendo mais estímulos para promover o crescimento chinês”, destaca o diretor da mesa de renda variável da Lifetime Investimentos, Vitor Carettoni.
No mesmo horário, moeda americana tinha alta de 0,25%, após ter operado em baixa e atingido a mínima de R$ 4,8598.
Além do comportamento do dólar no exterior, o câmbio deve sofrer influência da formação da taxa Ptax de fim de mês, taxa usada pelo Banco Central (BC), que costuma trazer volatilidade.
A taxa é calculada com base nos valores praticados no mercado financeiro ao longo do dia. No fim de cada mês, os agentes financeiros tentam direcioná-la para valores mais favoráveis às suas posições.
Quem está “comprado” em dólar aposta na alta e quem está “vendido” aposta na baixa. Ambos os players tentam negociar de modo que isso se reflita no fechamento do dia.
Commodities e bancos ajudam Ibovespa
Entre as ações, as ordinárias da Vale (VALE3, com direito a voto) avançavam 1,91%, e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 0,88%.
As preferenciais da Usiminas (USIM5) tinham alta de 0,25%.
Na China, um dos principais órgãos do Partido Comunista afirmou, em sua reunião mensal, que o governo deve definir medidas de suporte à economia, na tentativa de estabilizar o consumo e estimular o crescimento.
Entre as medidas anunciadas, estão o apoio a indústrias e pequenas empresas atingidas pela Covid-19, aceleração do trabalho em infraestrutura e transporte e estabilização da logística e cadeias de suprimentos.
A adoção de lockdowns nas últimas semanas em cidades importantes elevou as preocupações nos mercados sobre o crescimento do país no restante do ano, o que impactou o preço de commodities importantes como o petróleo.
As ordinárias da Petrobras (PETR3) subiam 3,71%, e as ordinárias (PETR4), 3,77%, em linha com o avanço do petróleo no exterior.
Os papéis ON da PetroRio (PRIO3) avançavam 5,25%, e os da 3RPetroleum (RRRP3), 5,67%.
No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tinham altas de 0,53% e 1,04%, respectivamente.
Na quinta-feira, o governo publicou no Diário Oficial, medida provisória (MP) para aumentar o imposto dos bancos.
A medida mexe na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), subindo a alíquota de 20% para 21% no caso dos bancos a partir de agosto. E de 15% para 16% para corretoras, seguradoras e distribuidoras de valores mobiliários.
A mudança é temporária e válida apenas até o fim deste ano. Com isso, o governo espera arrecadar mais R$ 244 milhões. O valor será uma das fontes de recurso para para compensar o programa de renegociação de débitos tributários (Refis) de empresas do Simples Nacional e de microempreendedores individuais (MEIs).
“A elevação da CSLL veio com um pequeno aumento de 20% para 21%. Essa notícia deve ser positiva, porque quando foi ventilado esse aumento há algumas semanas, o setor devolveu bastante. A aprovação de aumento em apenas 1% deve fazer o setor reagir bastante hoje”, ressalta Carettoni.
Setor de shoppings avança
Outro segmento que apresentava altas no início do pregão era o de shoppings. As ordinárias da BRMalls (BRML3) subiam 2,87%. Segundo informou o colunista Lauro Jardim, a empresa chegou a um acordo com a Aliansce Sonae para a combinação de negócios, após vários meses de negociação.
Os papéis ON da Aliansce (ALSO3) subiam 2,22%. As ordinárias da Multiplan (MULT3) tinham alta de 4,89%, após divulgação do balanço do primeiro trimestre.
A empresa reportou lucro líquido de R$ 171,5 milhões no primeiro trimestre de 2022, avanço de 270% frente ao resultado do mesmo período de 2021.
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Os papéis ON do Iguatemi (IGT3) subiam 3,83%.
EUA: inflação em alta
Nos EUA, o índice de preços de gastos com consumo pessoal avançou 0,9% em março em relação ao mês anterior. Na base de comparação anual, houve avanço de 6,6%, maior alta desde 1982.
O núcleo do índice, que exclui componentes voláteis de alimentos e energia, subiu 0,3% ante o mês anterior. Na base anual, houve avanço de 5,2%, ligeira desaceleração ante os 5,3% registrados em fevereiro.
Os números, que foram divulgados pelo Departamento do Comércio americano, vieram levemente acima das expectativas.
Os gastos pessoais dos consumidores americanos subiram 1,1% em março na comparação com fevereiro. A renda pessoal, por sua vez, subiu 0,5%, em alta de US$ 107,2 bilhões.
Os números são importantes, pois influenciam nas decisões de política monetária do Federal Reserve, Banco Central americano.
O banco tem encontro marcado na próxima semana, no qual deve promover um segundo aumento consecutivo nas taxas de juros do país, e de magnitude superior ao 0,25 ponto percentual visto na reunião de março a fim de combater a inflação elevada.
Por volta de 13h, no horário de Brasília, o índice Dow Jones cedia 1,31% e o S&P, 1,63%. A Bolsa Nasdaq caía 2,07%.
No país, além dos dados de inflação, deve influenciar no comportamento das bolsas os resultados corporativos de empresas importantes, como a Apple e a Amazon.
Os papéis da Amazon, negociados em Nasdaq, tinham queda de 12,97% após a empresa anunciar o ritmo de crescimento de vendas ser o mais lento desde 2001.
Petróleo sobe
Os preços dos contratos futuros do petróleo apresentavam altas, refletindo receios sobre a oferta da commodity.
Por volta de 13h, no horário de Brasília, o preço para o contrato de junho do petróleo tipo Brent subia 1,78%, negociado a US$ 109,50, o barril.
Já o preço para o mesmo mês do tipo WTI avançava 1,02%, cotado a US$ 106,43, o barril.
PIB da zona do euro desacelera e inflação avança
Na Europa, as bolsas operavam com altas. Por volta de 13h, em Brasília, a Bolsa de Londres subia 0,47% e a de Frankfurt, 0,84%. Em Paris, ocorria avanço de 0,39%.
No continente, o destaque também vai para a divulgação de importantes dados macroeconômicos.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na zona do euro desacelerou para 0,2% no primeiro trimestre de 2022, segundo a agência europeia de estatísticas Eurostat.
No quarto trimestre de 2021, o crescimento havia sido de 0,3%.
Para a União Europeia (UE) como um todo, o PIB cresceu 0,4% no primeiro trimestre deste ano, após registrar 0,5% nos últimos três meses de 2021, segundo o Eurostat.
Considerando-se os últimos 12 meses, com três trimestres consecutivos em território positivo, o aumento do PIB na zona do euro é de 5% e, no conjunto da UE, 5,2%, em relação ao primeiro trimestre de 2021.
A inflação na zona do euro, por sua vez, atingiu um novo recorde este mês.
O índice no bloco monetário subiu para 7,5% em abril, ante 7,4% em março. O número veio em linha com as expectativas, impulsionado por um aumento persistente nos preços de energia e alimentos, mostraram dados da Eurostat.
O núcleo do índice subiu de 3,2% para 3,9%.
As bolsas asiáticas fecharam com altas, com as expectativas de suporte do governo chinês à economia. Em Hong Kong, houve avanço de 4,01% e, na China, de 2,41%.
A Bolsa de Tóquio permaneceu fechada devido a um feriado.
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